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05-06-2008 Exposição inédita inaugura a Accademia, que abrigará pinturas e desenhos do artista na Várzea Ivana Moura Enquanto as
esculturas do artista plástico Francisco Brennand ganharam os espaços a céu
aberto, suas telas e desenhos permaneceram rodeadas por um caráter quase
secreto. O silêncio em torno desse aspecto de sua obra é quebrado com a
inauguração do Espaço Accademia, um museu para seus desenhos, pinturas e
esculturas, na próxima quinta-feira, na Oficina Cerâmica Francisco, na
Várzea. O Espaço abre com uma monumental retrospectiva da obra do artista:
Brennand: Uma Obra em Perspectiva, com curadoria de Emanoel Araújo. A
exposição aglutina mais de 200 obras nunca apresentadas, com desenhos
criados a partir da década de 1940, quando Brennand morou em Paris, aos
grandes painéis dos anos 1980. "Faço esta exposição para que minha obra
pictórica entre novamente em cena. A imensa maioria dos meus quadros estava
com a face voltada para a parede", atesta Brennand. (© Diário de Pernambuco-Pernambuco.com)
"Sou um artista fora do mercado"
Porte
imponente, os cabelos e barbas brancas reforçam essa imagem. A primeira
impressão que fica do artista Francisco Brennand é a de um homem sábio e
extremamente sério. A segunda, de alguém profundamente interessado pelo
ser humano, pelos destinos da humanidade. Brennand é um homem culto.
Estudou na Europa na juventude. Lá descobriu que os grandes artistas
investiram na cerâmica. O ramo de sua família. Voltou antes do tempo. Foi
morar nos domínios da propriedade da Várzea do Capibaribe, recuperou a
casa grande, que estava destruída e construiu ao longo de mais de três
décadas um lugar que hoje respira cultura, em pedra e cal. Aos 76 anos,
contamina com sua vitalidade criativa. Brennand adora uma boa conversa.
Esquece até das refeições.
Nassau Maurício de Nassau era uma excelente figura. Quem duvida? Era um fidalgo... Trouxe botânicos, flores. Mas era inimigo. Eu nunca vi se erigir estátua para inimigo. Câmara Quem é que Jarbas mais escuta a respeito de cultura? Não é qualquer um. É João Câmara. Ele está por detrás da política cultural do Governo Jarbas. Mercado Sou um artista fora do mercado. Por culpa do mercado? Não, por culpa minha, que não me interessei em me atualizar. Estou fora do mercado porque não tenho feito exposição. Posso pedir o preço por um quadro que eu quiser e a pessoa dá, se quiser. Mas Cícero Dias, João Câmara, Reynaldo Fonseca têm preço de mercado. Não venderia por R$ 100 mil um quadro de 1,90m x 1,60, em óleo sobre tela... De vez em quando aparecem quadros meus em leilões e fico curioso em saber a que preços esses quadros estão sendo vendidos. Compadecida O cineasta húngaro Jorge Jones filmou o Auto da Compadecida em 1969. Fiz os desenhos dos figurinos e 76 quadros a óleo. Jorge Jones levou os quadros para o Rio sob o pretexto de apresentar nas mais diferentes estréias do filme. Nunca mais vi esses quadros. Mas eu tinha os desenhos guardados e em cima pintei tudo com bastão aquarelado. São 67 desenhos. Isso eu já disse a Ariano (Suassuna): seria uma beleza fazer um livro com texto do Auto da Compadecida e os desenhos como ilustração do próprio livro. Podia ser uma edição de luxo ou uma edição popular. Sobrevivência Minha sobrevivência devo ao trabalho da oficina, que vende ladrilhos e cerâmicas. Essa grande aventura artística tem sido sustentada pela própria oficina. E agora essa parte nova da parte da construção devo à generosidade do meu irmão. Telles Júnior Estão dando tanto valor à pintura de Frans Post por ele ser holandês, mas Telles Júnior como paisagista era muito superior e é um paisagista pernambucano, tipicamente pernambucano, sem nenhuma pretenção de ser nem um pintor nacional. Marco Zero Quando houve aquela luta, aquela polêmica e aquela crítica, ninguém quis esclarecer que esse projeto vinha da lei Rouanet e não tinha nada a ver com dinheiro da Prefeitura. Mas para machucar ainda mais, queriam dizer que era um dinheiro jogado fora. E criticaram muito Reginaldo Esteves pelo projeto da praça, porque ele tinha arrancado umas árvores cancerosas, doentes, que não valiam coisa nenhuma. E fez uma praça rasa, como Veneza, a Praça de São Marcos. Hoje, esse lugar que tanto criticaram é o único lugar utilizado para os grandes comícios, quer seja de arte pop ou políticos. Se aquilo não tem sido conservado de forma adequada, isso são outros quinhentos. Forma fálica Na verdade, parecia um foguete da Nasa. Se botasse o nome Nasa USA era um foguete para decolar. E de uma simplicidade mecânica. Não tinha nada a ver com as insinuações de que aquilo tinha uma forma fálica... Ainda hoje há uma espécie de estigma em cima daquela construção. Ela tem vigilância, mas é construção que ninguém fala. É como se continuasse a ser uma miragem. Aquilo ainda não está assinalado. Inclusive a própria Prefeitura ainda não aceitou a doação, porque tem 80 peças minhas que foram doadas sem formalização. Então a obrigação imediata deles era me dar um documento útil aceitando ou não aceitando a doação. Doei à pinacoteca de São e duas semanas recebi o documento de doação.
(©
Diário de Pernambuco-Pernambuco.com)
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