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05-06-2008
Homenageada em longa-metragem, Lia canta no Rio e prepara novo CD Cláudia Amorim Difícil encontrar quem não conheça os versos ''Essa ciranda quem me deu foi Lia/ que mora na ilha de Itamaracá''. Mas mais raro ainda é achar quem já assistiu a uma apresentação da cirandeira pernambucana celebrizada pela música, que canta hoje na concha acústica do Centro Cultural dos Correios, às 18h, em show que faz parte do calendário de eventos da exposição Arte da África, do Centro Cultural Banco do Brasil. A distribuição de senhas para os 300 lugares gratuitos começa a partir do meio-dia, no CCBB. Prestes a completar 60 anos, em 12 de janeiro, Lia, que divide o tempo entre as cirandas e o emprego como merendeira em uma escola estadual, diz que está feliz: se sente em casa no Rio e espera pelo fim das filmagens de Eu sou Lia, primeiro longa-metragem de Karen Akerman, em homenagem à cantora. - O meu sonho era trabalhar num filme - diz Lia, que foi ao cinema pela última vez para ver Buena Vista Social Club. O projeto do longa inclui um CD com a trilha, um DVD - com extras como os shows que a cantora fez na Suíça, Espanha e Itália - e um livro de arte da fotógrafa Tatiana Altberg. - O filme é sobre esse universo mágico dela: uma autodidata, grande cantora, que trabalha como merendeira. E os músicos que a acompanham também são pessoas muito interessantes - resume Karen, que começou as filmagens há um ano e meio e acompanhou desde a homenagem que Lia recebeu no carnaval de Olinda, com boneco tradicional do artesão Sílvio Botelho feito à imagem da cirandeira, até a turnê de Lia pela Europa. No entanto, as homenagens e a engrenada na carreira, graças ao disco gravado há três anos - depois do LP de 1977 -, ainda não foram suficientes para garantir tranqüilidade a Lia. - Seria melhor se tivesse um capital de giro e eu pudesse sair da cozinha da escola, mas não tem ciranda todo dia. Preciso dos dois para viver: do trabalho de merendeira e da ciranda - explica ela, que prepara um novo CD e se preocupa com a preservação da cultura popular. - Se não firmarem o pensamento no folclore, na raiz, vai desaparecer - inquieta-se. Apesar das preocupações e do desejo de viver da carreira, Lia garante que não há hipótese de deixar o lugar em que nasceu e que carrega no nome. - Me criei em Itamaracá. É lá onde me inspiro, no mar. No show de hoje, acompanhada por instrumentos de sopro e percussão (Lia se apresenta com seis músicos, quatro deles trabalhando há muitos anos com ela), a cirandeira faz um passeio por ritmos pernambucanos, como ciranda, coco e maracatu. Além de clássicos do cancioneiro de domínio público e de músicas de outros compositores, Lia interpreta canções suas, como Santa Teresa, em homenagem ao bairro carioca.(© JB Online)
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