Geraldo Azevedo apresenta, amanhã, novo show que marca 40 anos desde
o primeiro sucesso
José Teles
teles@jc.com.br
A
ida de Geraldo Azevedo ao Recife para
apresentar, amanhã, no Teatro da UFPE, o show do recém-lançado O
Brasil existe em mim, coincide com os 40 anos de sua composição
inaugural, Aquela rosa, em parceria com Carlos Fernando, que deu
também o pontapé inicial em sua carreira de letrista. Uma estréia
auspiciosa. Os dois arrebataram o primeiro lugar na Feira de Música
do Nordeste, em 1967, e o singelo frevo-de-bloco (lançado em
compacto simples, pela Mocambo, na voz de Teca Calazans) tornou-se o
passaporte para Geraldinho, então o violão mais requisitado da cena
musical da cidade, mudar-se para o Rio de Janeiro, levado pela
cantora Eliana Pitman.
“Não
é que eu não estava me tocando dos 40 anos e do o começo de minha
carreira de compositor? Até aí eu havia feito alguma coisa
instrumental, trabalho para teatro. Engraçado é que nunca gravei
Aquela rosa”, surpreende-se Geraldo Azevedo ao ser lembrado da data
redonda. Ele não escondia estar contente por se apresentar num
teatro e não em praça pública, como tem sido comum aqui no Recife:
“Minha geração se acostumou a fazer show em teatro, com esta coisa
de espaços abertos se perdeu este ritual artístico. Num teatro tenho
maior capacidade de me concentrar. Em lugares abertos é diferente, o
público vai muito mais para se divertir do que curtir arte, mais
pela bebida, pela festa”, comenta, apontando que tem notado a
retomada de espetáculos em locais fechados: “É um sintoma que vejo
no Brasil. Recentemente fiz Brasília, um teatro de 700 lugares, e
tive que fazer sessão extra”.
CARREIRA
O
Brasil existe em mim é o 19º álbum de sua discografia, contando com
o primeiro LP, dividido com Alceu Valença, e as participações no
projeto O Grande Encontro, com Elba Ramalho, Alceu, Zé Ramalho e
Vital Farias, “Estava há seis anos sem lançar disco de inéditas, mas
eu sou um artista que independo de mídia. Comigo tem funcionado mais
a mídia informal, meu trabalho passa de geração para geração, meu
público tem se renovado muito. Acho que os jovens procuram uma coisa
diferente, uma alternativa para o que se oferece a eles, Calypso,
Mastruz com Leite e outros grupos”.
O
novo CD traz de volta a parceria com Carlos Fernando, em São João
barroco, engata uma nova com Paulinho Pedra Azul, em Sonho. Reafirma
o trabalho com parceiros contumazes: José Carlos Capinam, Fausto
Nilo, Geraldo Amaral, e vai buscar no fundo do baú uma inédita do
parceiro ocasional, o tropicalista Torquato Neto, que deixou com
Geraldo Azevedo, no início dos anos 70, três letras para serem
musicadas: “Conheci Torquato quando ele estava em tratamento,
ficamos amigos. Essas letras ficaram perdidas por muito tempo, foram
encontradas por acaso, entre outros papéis, numa gaveta”, relata a
trajetória da canção, batizada apropriadamente de O nome do
mistério.
O
Brasil existe em mim é um dos seus álbuns mais ecléticos, com forró,
maracatu, chorinho, mas sem esquecer o que veio de fora e adaptou-se
ao jeito brasileiro. O nome do mistério é um blues, O paraíso agora
tem levada caribenha (no disco também numa versão dirigida às pistas
de dança), Ver de novo, um reggae (em dueto com Clarice Azevedo).
Tudo é Deus, de Francisco Gileno, é a única do CD não assinada por
Geraldo Azevedo.
ACOLHIDA
O
disco tem sido bem-recebido pelos fãs e pela crítica, mas Geraldo
Azevedo sabe que não há como fazer um show enfatizando apenas este
repertório: “Começo fazendo três música novas, e aí entro pelas mais
conhecidas. Não dá para fazer oito músicas novas, tem que entre elas
botar uma Bicho de sete cabeças, ou um Táxi lunar”, que estará no
palco com uma banda formada Tiago Azevedo (bateria), Sidney Santos
(baixista), Luís Alencar (sanfona e teclados), Vitor Mota (sopros).
Podendo acrescentar alguns músicos recifenses que tocaram no disco,
a exemplo do ubíqüo violoncelista João Carlos. Na conversa, por
telefone, ele acenou com a possibilidade de finalmente incluir
Aquela rosa no repertório de um show seu.
A
volta aos estúdio despertou em Geraldo Azevedo a vontade de tocar
outros projetos. O próximo já está na agulha, um disco centrado no
São Francisco, rio que marcou sua infância e adolescência passadas
às margens do Velho Chico, em Petrolina: “Um projeto que deverá ser
chamado São São Francisco, um disco temático, com parcerias com
Carlos Fernando e Geraldo Amaral”, conta.
»
Show O Brasil existe em mim, amanhã, 21h, no teatro da UFPE (Cidade
Universitária). Ingressos: R$ 40 e R$ 20. Outras informações:
2126-8077
(©
Folha Online)
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