José
Teles
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Dono de uma obra tão caudalosa quanto diversificada, é até
difícil entender a razão de a RCA não explorar mais o catálogo que
possui de Luiz Gonzaga, de quem lançou todos os álbuns em CDs, mas
sem a preocupação de mantê-los sempre disponíveis. Para compensar a
ausência dos discos originais de Gonzagão, a gravadora mandou às
lojas a caixa Monumento nordestino. São três CDs, mais o DVD Danado
de bom, sua “despedida”, em um especial, de 1984, para a TV Globo.
Para quem é familiarizado com a música de Gonzagão não há
novidades na caixa, além do texto informativo e elegante do crítico
Tárik de Souza, que contextualiza a música e o artista. No CD O rei
do baião reuniu-se alguns dos baiões mais conhecidos de Luiz
Gonzaga, uma compilação que vai do inaugural Baião (com Humberto
Teixeira), A letra i (com Zé Dantas), Algodão (com Zé Dantas), Baião
da garoa (com Hervê Cordovil), São João do carneirinho (com Guio de
Moraes), enfim, uma seleção que chega a ser óbvia. O segundo CD
chama-se Na toada do xote, e aí também não se prima pelas raridades,
numa seleção que vai do hino Asa branca(com Humberto Teixeira), até
A morte do vaqueiro (com Nelson Barbalho), entre uma e outra,
clássicos como Cintura fina (Zé Dantas), Respeita Januário (com
Humberto Teixeira), Vida do viajante (com Hervê Cordovil), em dueto
com Gonzaguinha.
O terceiro CD traz músicas menos conhecidas, a grande parte dos
anos 40, quando Luiz Gonzaga ainda tentava descobrir que ritmo
empregaria para garantir a sobrevivência de uma carreira que temia
não durasse muito, como era comum a tantos outros artistas da Era do
Rádio. Estão neste disco Calango da lacraia (J. Portela), Dança
Mariquinha (com Miguel Lima), Onde morar (das poucas que Gonzagão
assina sozinho), Cortando pano (com Miguel Lima), Galo garnizé (com
A.Almeida), Siri jogando bola (com Zé Dantas), Conversa de barbeiro
(parceria bissexta com David Nasser), Pau de sebo (marchinha
carnavalesca com Dunga).
O DVD é mesmo danado de bom, ainda que limitado pelo tempo e
marcações de um programa feito para a TV. Danado de bom foi lançado
em 2003, em DVD, traz 12 músicas, a participações de Sivuca,
Gonzaguinha, Dominguinhos, Guadalupe, Fagner, Elba Ramalho
Monumento nordestino é, antes de tudo, didático. Poderia ser
utilizado nas escolas, principalmente das cidades nordestinas.
Ninguém cantou o Brasil, e em especial o Nordeste, como Luiz
Gonzaga. A terra, o homem, a luta, sua obra é um outro Os sertões, e
tão monumental quanto. Pena que em seu próprio Estado ele seja mais
citado do que prestigiado, mas merecedor de palavras vazias do que
de obras concretas.