Enviado especial

Contando assim, parece ter sido uma simples coletiva, destas com começo, meio e fim convencionais. Com Ivete Sangalo nada é assim. Ela é a maior estrela da música brasileira hoje, mal (ou bem) comparando, a nossa Madonna. Marcada para às 16h, a entrevista começa pouco depois das 17h30. Desde cedo, fãs postam-se na entrada da casa de festas, no bairro Pituba, zona litorânea de Salvador. A chance de chegar perto da cantora é mínima. Mas nem por isto eles desistem (às 18h30 ainda continuam lá, diante dos portões). A coletiva não é como se espera de tais eventos. Os artistas sentados para serem sabatinados por um grupo de jornalistas. Mal Ivete Sangalo chega, perguntando por Saulo Fernandes, que não conseguiu atravessar a massa humana de mães, pais, e muitas crianças (praticamente todo o clã Sangalo), os garotos são colocados diante dos jornalistas, e são eles que começam a coletiva. Com idade que variam dos três aos dez anos, são, obviamente, conhecidos da cantora e do cantor. As perguntas foram antecipadamente decoradas. Mariana, uma desinibida lourinha de três anos pergunta a Ivete Sangalo que bicho ela gostaria de ser (no disco tem uma música intitulada Bicho). Com seu jeito politicamente incorreto de ser ela responde na chincha: “Queria ser um cavalo, ou uma baleia, e para baleia já estou perto, basta um quinze quilinhos a mais...”

Quando as crianças finalmente encerram a bateria de perguntas, os profissionais podem entrar em campo. Querem saber se Ivete e Saulo pretendem limitar tudo ao disco, ou vão cair na estrada com, o inevitável, registro em DVD da turnê, “Não sabemos ainda qual será nossa intenção. Agora se formos para a estrada, que seja com um musical. O disco é dinâmico, tem apelo visual, eu e Saulo nos alternamos nos vocais, então tem mil possibilidades”. Em suma: vem por aí um DVD.

Alguém pergunta como era Ivete Sangalo quando criança: “Sou zero de vaidade! sempre fui uma menina menino. Sempre gostei de brincar de bicicleta, de lutas, só despertei um pouco para a vaidade aos 17 anos, até aí eu muito moleca, traquina”. E fez questão de ressaltar que as músicas de A casa amarela traduzem a infância dela e de Saulo, não a das crianças de hoje: “É o ponto de partida deste disco, a nossa infância, tivemos boa formação familiar e acho que a gente não aprende nada sem uma estrutura emocional equilibrada, seja dada pelo pai, pela mãe, ou por quem crie a criança. Agora quero deixar claro que não fizemos trabalho com um motivo premeditado, não pensamos nesta ótica do show business. Agora, claro, é diferente, tem uma gravadora na jogada, mas nossa intenção foi trazer às músicas nosso mundo lúdico”, garante, mesmo que o disco tenha recebido uma maciça exposição no programa do Faustão, o que mais tem capacidade de incensar novidades fonográficas no país da pirataria galopante.