28/10/2008
Foto: Divulgação
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Capa do livro 300 Discos...
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O titã Charles Gavin coordena projeto que coloca em discussão gravações
importantes de 1929 a 2007
Lauro Lisboa Garcia
Organizar um acervo de 300 discos importantes da gigantesca produção de
música popular no Brasil em quase oito décadas não é tarefa das mais
fáceis. Mesmo para o músico, pesquisador e produtor Charles Gavin, que,
além de ser baterista dos Titãs, tem feito há cerca de dez anos um
precioso trabalho de recuperação de álbuns antológicos, abandonados nos
acervos das gravadoras. Vários desses títulos que ele trouxe de volta à
cena - como as maravilhas do selo Elenco - estão no livro 300 Discos
Importantes da Música Brasileira (Editora Paz e Terra, 434 pgs., R$
230). Acompanham o volume - em forma de LP e luxuosamente ilustrado com
todas as capas dos discos - os CDs O Último Malandro, de Moreira da
Silva, e Elza Soares/Baterista Wilson das Neves.
Gavin realizou o projeto em parceria com os jornalistas Tárik de Souza,
Carlos Calado e Arthur Dapieve, que assinam os textos sobre os discos
selecionados. Os quatro participam de um debate sobre recuperação e
preservação da memória musical brasileira no lançamento do livro
quinta-feira na Livraria Cultura (Av. Paulista, 2.073, 3170- 4033).
A seleção privilegia álbuns originais, mas há compilações e caixas de
artistas da era pré-LP, como Luiz Gonzaga, Jacob do Bandolim, Silvio
Caldas, Orlando Silva, Noel Rosa, Carmen Miranda. "No caso de Luiz
Gonzaga, por exemplo, as gravações mais representativas de sua obra
foram feitas quando não existia o conceito de álbum", diz Gavin. O
produtor, que também assinou o vistoso projeto de livro com capas dos
LPs de bossa nova, editado em 2005, vem desde então trabalhando na
realização deste que pretende ser "um painel da música brasileira desde
que começou a ser gravada". "Achei que 300 era um número razoável para
montar esse painel", diz.
Títulos evidentes, indispensáveis em qualquer discoteca básica - como
Tropicália, Clube da Esquina, Acabou Chorare (Novos Baianos), Chega de
Saudade (João Gilberto), Os Afro-Sambas (Baden Powell e Vinicius de
Moraes - estão lá. Mas o leitor também toma contato com raridades como
Samba da Bahia (reunindo Riachão, Batatinha e Panela), Vida Noturna nº 1
(Caco Velho , seu conjunto e Hervê Cordovil). Mas muitos foram
"sacrificados", como diz Gavin, entre eles O Grande Circo Místico, de
Edu Lobo e Chico Buarque.
Obviamente outras preciosidades ficaram de fora, por isso mesmo Gavin
evitou a expressão "os mais importantes", mas apenas importantes.
"Apontamos discos que a gente acha essenciais, que as pessoas têm de
conhecer", diz Gavin. Até porque é difícil escolher, por exemplo, dois
ou três dentre os fabulosos álbuns de Gal Costa, Gilberto Gil, Chico
Buarque e Jorge Ben dos anos 1970, a década com maior número de títulos
no livro: 104.
É contestável, por exemplo a presença de O Concreto Já Rachou (Plebe
Rude), Brasileira ao Vivo (Margareth Menezes) e o Ney Matogrosso de
1981. Por que Adriana Partimpim e não Saltimbancos ou Palavra Cantada?
Por que a música eletrônica ficou de fora? "O de Max de Castro de certa
maneira representa a música eletrônica", diz Gavin, que admite que São
Paulo Confessions, de Suba, merecia ter entrado como representante dessa
categoria. Tudo de bom que não entrou daria mais do que um segundo
volume, o que é possível de acontecer. O que importa agora, como diz
Gavin, é ter aberto a discussão e ver aonde isso vai dar. Este já foi um
primeiro grande passo.
(©
Estadão)
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Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)
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