Por Tatiana Meira

Um festival feito para ser apreciado pela população recifense e não apenas pela classe artística. Esta é a tendência apontada pela curadoria do 11º Festival Recife do Teatro Nacional, que começa na próxima quinta-feira, dia 20 de novembro, e segue até o dia 30. Longe de causar polêmicas, a programação divulgada vem com a promessa de ser uma edição saborosa de ser assistida, sem com isso perder em qualidade estética. "Nossos critérios são a excelência artística e, ao mesmo tempo, a provocação da platéia. Não queríamos montar um festival ensimesmado e nem facilitar demais o entendimento da linguagem", argumenta o dramaturgo, crítico e pesquisador teatral Kil Abreu.

Pelo segundo ano consecutivo, ele é o curador do evento, que em 2008 se debruça sobre o tema O teatro dos coletivos e os retratos do Brasil. Por isso, o diálogo entre dois aspectos marcantes da cena contemporânea - a cultura de grupo e arepresentação da realidade brasileira - recheia estes 10 dias, numa agenda composta de 16 espetáculos que farão 49 apresentações em seis teatros municipais e mais 18 regiões político-administrativas (RPA‘s). Realizada pela Prefeitura do Recife, a maratona teatral recebeu patrocínios da Eletrobras e Chesf, que somados a recursos da Secretaria de Cultura totalizam um orçamento de R$ 920 mil.

A abertura oficial do 11º Festival Recife do Teatro Nacional será no dia 20, no Santa Isabel, com Miranda e a cidade, com a Cia. Circo Mínimo, de São Paulo, que utiliza a linguagem circense e tem dramaturgia de Aimar Labaki. No mesmo palco, nos dias 25 e 26, outro espetáculo para puro deleite é Shi-Zen, 7 cuias, do Grupo Lume, de Campinas (SP), uma performance sem palavras, que bebe na fonte do butô japonês para investigar a essência do ser brasileiro.

Finalmente chega à cidade Assombrações do Recife Velho, com direção de Newton Moreno e elenco com atores pernambucanos, para narrar as histórias dos personagens imortalizadospor Gilberto Freyre, em três apresentações no Teatro Armazém (de 21 a 23). Mas nem todas as produções selecionadas para o festival representam o teatro de grupo. As peças que vêm do Rio de Janeiro, por exemplo, não seguem este conceito. Entre elas, Por uma vida um pouco menos ordinária, com o global Du Moscovis e o monólogo Acqua Toffana, adaptação para o teatro do primeiro romance da escritora Patrícia Melo.

Com boa repercussão em São Paulo, A noite dos palhaços mudos, da La Mínima Circo e Teatro, chega ao Barreto Júnior, enquanto o Clowns de Shakespeare, que já esteve no festival, retorna com o infantil Fábulas, premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) em 2007.

Na ala dos eventos especiais, homenagem à atriz Geninha da Rosa Borges, 86 anos, com a exposição Essência e permanência, no salão nobre do Santa Isabel, o projeto Aprendiz em cena, com a encenação do texto Um amor para Eugênia, de Antonio Cadengue e o lançamento do livro Geninha total, de Maria do Carmo Barreto Campello de Melo.O seminário Cinco temas para entender o teatro contemporâneo, no auditório da Livraria Cultura, traça uma panorama sobre as experiências criativas atuais, de 24 a 28 de novembro. Também serão oferecidas quatro oficinas, entre elas uma com o Lume e outra de técnicas circenses, com Rodrigo Matheus, da Cia. Circo Mínimo. As inscrições estão abertas a partir de hoje. Informações: 3232-2030/ 3232-2031/ 3232-2028.

Os ingressos para as peças são vendidos a preços populares e custam R$ 5 (Santa Isabel, Hermilo, Apolo e Armazém) e R$ 1 (Parque e Barreto Júnior.

Programação - espetáculos

19/11 - Quarta-feira
19h - Teatro Hermilo Borba Filho - Algum Amor para Eugênia (PE) - Projeto Aprendiz Encena

20/11 - Quinta-feira
19h - Teatro Hermilo Borba Filho - Algum Amor para Eugênia (PE) - Projeto Aprendiz Encena
20h - Teatro de Santa Isabel - Miranda e a Cidade (SP)

21/11 - Sexta-feira
20h - Teatro Armazém - Assombrações do Recife Velho (SP)
21h - Teatro de Santa Isabel - Miranda e a Cidade (SP)

22/11 - Sábado
16h30 - Teatro do Parque - Fábulas (RN)
20h - Teatro Armazém - Assombrações do Recife Velho (SP)

23/11 - Domingo
16h30 - Teatro do Parque - Fábulas (RN)
19h - Teatro Apolo - Cachorro! (RJ)
20h - Teatro Armazém - Assombrações do Recife Velho (SP)

24/11 - Segunda-feira
19h - Teatro Apolo - Cachorro! (RJ)
20h - Tearo Hermilo Borba Filho - Aqueles Dois (MG)
21 - Teatro Barreto Júnior - A Noite dos Palhaços Mudos (SP)

25/11 - Terça-Feira
19h - Teatro Apolo - Acqua Toffana (RJ)
20h - Tearo Hermilo Borba Filho - Aqueles Dois (MG)
21h - Teatro de Santa Isabel - Shi-Zen, 7 Cuias (SP)
21h -Teatro Barreto Júnior - A Noite dos Palhaços Mudos (SP)

26/11 - Quarta-Feira
19h - Teatro Apolo - Acqua Toffana (RJ)
20h - Teatro Armazém - A comédia dos erros (RS)
20h - Tearo Hermilo Borba Filho - Aqueles Dois (MG)
21h - Teatro do Parque - Por uma vida um pouco menos ordinária (RJ)
21h - Teatro de Santa Isabel - Shi-Zen, 7 Cuias (SP)

27/11 - Quinta-Feira
20h - Teatro Armazém - A comédia dos erros (RS)
21h - Teatro Barreto Júnior - Corra (PE)
21h - Teatro do Parque - Por uma vida um pouco menos ordinária (RJ)

28/11 - Sexta-Feira
20h - Tearo Hermilo Borba Filho - Quebra-Quilos (PB)
21h - Teatro Barreto Júnior - Corra (PE)

29/11 - Sábado
16h30 - Teatro do Parque - A árvore de Júlia (PE)
20h - Tearo Hermilo Borba Filho - Quebra-quilos (PB)

30/11 - Domingo
16h30 - Teatro do Parque - A árvore de Júlia (PE)
20h - Tearo Hermilo Borba Filho - Quebra-quilos (PB)

Ingressos:
R$ 5, nos teatros de Santa Isabel, Hermilo Borba Filho, Apolo e Armazém.
R$ 1, nos teatros do Parque e Barreto Júnior.

Endereços:
Teatro de Santa Isabel - Praça da República, s/n, Santo Antônio. Telefone: (81) 3232.2940
Teatro Apolo - Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife.Telefone: (81) 3232.2030 / 2028
Teatro Hermilo Borba Filho - Av. Martin Luther King, s/n, Bairro do Recife. Telefone: (81) 3232.2030 / 2028
Teatro Armazém - Avenida Alfredo Lisboa, armazém 14. Bairro do Recife. Telefone: (81) 3424.5613
Teatro do Parque - Rua do Hospício, 88, Boa Vista. Telefone: (81) 3232.1553
Teatro Barreto Júnior - Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n, Pina. Telefone: (81) 3326.4177
 
(© Diário de Pernambuco)