Um até
logo para o frevo
Foto: O Globo
Antônio Nóbrega lança DVD 9 de frevereiro e anuncia que agora vai
dedicar-se a levar Tonheta ao cinema
José Teles
teles@jc.com.br
As
comemorações do centenário do frevo estão chegando ao fim para Antonio
Nóbrega, que durante dois anos dedicou ao gênero dois CDS, um DVD e uma
turnê. Esse encerramento acontece com uma apresentação única no Teatro
da UFPE, hoje, com o lançamento do DVD 9 de frevereiro. “Estou
concluindo o projeto de uma forma diferente do que vinha fazendo, já
conhecido do público pernambucano. Quis fazer no Recife de outro jeito,
com uma outra formação instrumental, que terá Marcos César e a Orquestra
Retratos”. Nóbrega ressalta que será praticamente um novo espetáculo,
pois ao longo da turnê o roteiro foi bastante modificado. “Tem alguns
frevos dos discos 9 de frevereiro, outros que não foram gravados por mim
e até composições inéditas, que estarão no meu próximo disco.”
Muitas
vezes tachado de conservador, no entanto, Antonio Nóbrega vem
introduzindo modificações no frevo – cujos adeptos mais fervorosos
torcem o nariz para outra roupagem que não a orquestra tradicional –
valendo lembrar que o especialista e também compositor Valdemar de
Oliveira não aprovava nem o saxofone na instrumentação do ritmo. “Não me
importo muito com isto. Tenho um disco de Jacob do Bandolim com uma
gravação de Luzia no frevo (Antônio Sapateiro) onde ele improvisa e faz
citação de uma música russa.” Nóbrega procede ao contrário de Jacob do
Bandolim, fazendo o erudito cair no popular, tocando e dançando Johann
Sebastian Bach no compasso binário do frevo. “Vou dançar esta abertura
de uma suíte de Bach, com uma coreografia que emprega este alfabeto com
que venho trabalhando.”
Antonio
Nóbrega continua sistematizando os passos do frevo no sentido de criar
uma dança brasileira, ao mesmo tempo que insiste em tornar o frevo uma
música que sirva também à audição sem se prender a uma determinada
época. “O frevo pode muito bem ser uma música que as pessoas apenas
escutam. Um frevo tocando com um quinteto de cordas. Para que as pessoas
deixem de vê-lo de outra forma, é preciso empregar outros expedientes,
outros fraseados.” Já no seu próximo disco, ele diz que vai lidar com
outros gêneros: “Acho que com este DVD fico quite com o frevo. Meu novo
trabalho será bastante eclético, multidimensional, com a dança tendo um
papel muito mais marcante”, continua ele, que vem de uma experiência em
que a dança foi predominante, um espetáculo intitulado Passo: “Foi meu
primeiro trabalho dedicado inteiramente à dança, mas foi um projeto
praticamente só feito em São Paulo, que me serviu para desenvolver mais
meu projeto com a dança”.
Concomitante com este trabalho, que deve estar pronto em agosto do ano
que vem, ele traz de volta seu personagem mais famoso, Tonheta, desta
vez para os cinemas. Um filme será dirigido por Walter Carvalho (também
diretor do DVD 9 de frevereiro). “Há muito tempo vinha tentando
viabilizar Tonheta no cinema, mas desta vez vai. Não será a repetição
dos mesmos espetáculos que fiz com o personagem, para não cair na redoma
do teatro filmado. Obviamente terá também um pé lá atrás, com textos de
Bráulio Tavares, porém neste retorno o universo de Tonheta será
ampliado”.
O DVD 9
de frevereiro já tem alguma coisas de cinema, pois não é simplesmente o
registro do show. Tem também cenas externas e uma dinâmica mais
cinematográfica. Depois da apresentação haverá uma sessão de autógrafos
no foyer do teatro.
» Show
do DVD 9 de frevereiro de Antônio Nóbrega, com a Orquestra Retratos,
regida por Marcos César, e participação do maestro Spok, hoje, no Teatro
da UFPE , às 21h. Ingressos: platéia, R$ 30 e R$ 15. Balcão: R$ 20 e R$
10. Outras informações: 2126-8077
(©
JC Online)
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