28/11/2008
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As cores fortes e forma simples da ilustração dão o tom do livro
´CORDELinho´, introdução à linguagem poética tradicional para jovens |
Em novo livro, o cordelista paraibano Chico
Salles apresenta a linguagem do cordel aos novos
leitores
Na década de 90, o quadrinhista norte-americano
Scott McLoud provou que a capacidade comunicacional
das HQs era bem maior do que muita gente estava
disposta a aceitar. Ele lançou o hoje clássico
“Desvendados os quadrinhos”, no qual fazia uma
introdução à linguagem se valendo dela mesma.
“CORDELinho”, livro do cordelista e cantador
paraibano Chico Salles, segue um projeto análogo.
Aqui é a linguagem poética do cordel que é convocada
para falar dela mesma. No entanto, diferente de
McCloud, o autor deste livro não está interessado em
teorizar sobre o tema. Antes trata-se de uma ação
engajada, no sentido de levar ao público
infanto-juvenil informações básicas sobre o tema.
Membro da Academia Brasileira de Literatura de
Cordel, Chico Salles foi um dos convidados da VIII
Bienal Internacional do Livro do Ceará. No evento,
lançou “CORDELinho” e outras obras de sua autoria,
como “Cem anos sem Machado”, biografia em cordel do
escritor Machado de Assis (1839 - 1908).
Didática
Chico Salles acerta em diversos pontos. Um deles é
dar ao projeto um formato “transgressor”. Ao invés
de trabalhar com o tradicional folheto, optou pelo
livro, com capa dura e impressão colorida -
facilitando a conversação da obra e “amaciando o
choque” que leitores não habituados ao cordel possam
ter.
Outro ponto positivo foi a proposta de reunir o
conceito a sua prática. A primeira metade do livro é
dedicada ao “metacordel”, no qual o autor fala de
temáticas, métricas e outros elementos desta
tradição poética. Na seqüência, Chico Salles
apresenta dois cordéis de sua própria autoria.
CORDEL
"CORDELinho"
Chico Salles
R$ 49,50
64 páginas
2008
ROVELLE
(©
Diário do Nordeste)
Livros homenageiam cearense ilustre
Foto: WILSON GOMES
Igreja Matriz de Ipu, construída em 1917, tem projeto de autoria do
filho ilustre Archimedes Memória
Ipu
tem um filho ilustre, pouco conhecido na cidade, mas de atuação
nacional comprovada
Ipu. Um dos maiores arquitetos do País, Archimedes Memória, é filho
natural deste município cearense. Em reconhecimento à sua expressiva
atuação profissional, ele recebeu duas homenagens no Rio de Janeiro,
cidade que ele escolheu para viver até sua morte em 1960, com 67
anos. Foi lançado na noite de ontem, pela Editora Brasil, no Centro
Cultural Justiça Federal (CCJF), o livro “Archimedes Memória – O
Último dos Ecléticos”, de autoria do neto do homenageado, Péricles
Memória Filho (Pekito).
Hoje um outro lançamento marcará a memória deste cearense. Na feira
de São Cristovão, Praça Central do Rio de Janeiro, será lançado na
literatura de cordel a obra “Um Cearense na Capital”, de autoria de
Chico Salles.
Archimedes Memória foi morar no Rio de Janeiro ainda jovem, com 17
anos, para estudar desenho na Escola Nacional de Belas Artes. Após o
início do curso, decidiu transferir-se para a Arquitetura, tendo
obtido diversas distinções acadêmicas na época.
No Ceará, ou porque não dizer na sua terra natal, pouco se sabe
sobre a vida desta figura ilustre. De acordo com a historiadora
Francisca Ferreira do Nascimento, coordenadora do Centro Cultural de
Ipu, as homenagens que a cidade lhe prestam se resume na arquitetura
da Igreja Matriz, construída em 1917, projeto de Archimedes, e uma
rua, afastada do Centro da cidade, batizada com seu nome. “O meu
interesse em pesquisar sobre a vida desse ipuense surgiu depois que
recebi a visita do doutor Péricles Memória, que veio a Ipu, estudar
o antepassado de seu avô, Archimedes Memória”, disse Francisca
Ferreira, que está reunindo documentos para tentar resgatar a
história do arquiteto ipuense.
Já no Rio de Janeiro, a marca arquitetônica de Archimedes Memória
está por toda parte da cidade carioca. Foi responsável pelo plano
urbanístico da Exposição Internacional do Centenário da
Independência, no Calabouço, em 1922; pelo projeto do Palácio Pedro
Ernesto, da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro; pelos projetos
da Igreja de Santa Terezinha no Túnel Novo; e sedes do Hipódromo da
Gávea e do Botafogo de Futebol de Regatas; pelo projeto do Palácio
das Indústrias, hoje Museu Histórico Nacional; Palácio das Festas;
Rio Cassino; altar-mór da Igreja da Candelária; além de inúmeras
residências na cidade.
Seu projeto mais imponente foi o do Palácio Tiradentes, edifício em
estilo eclético, destinado a abrigar a Câmara dos Deputados,
realizado em parceria com Francisco Couchet.
Em Ipu, a casa onde morou e viveu a família de Archimedes Memória
ainda guarda a arquitetura da época, mas não foi ainda tombada pelo
Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Tenho
medo que algum dia alguém compre este casarão e resolva mexer na sua
arquitetura, apagando da memória do início da história de
Archimedes”, destaca Francisca. O arquiteto, quando em vida, doou
sua herança para a paróquia de Guaraciaba do Norte, na época
vinculada à cidade Ipu. “Hoje, na Igreja Matriz daquela cidade,
estão guardados os restos mortais de seu pai, o advogado Francisco
de Oliveira Memória e de dona Josefa Madeira de Carvalho Memória,
sua mãe, também conhecida como dona Madeirinha”, conta a
pesquisadora.
Perfil
A biografia de Archimedes Memória é recheada de acontecimentos que
contribuíram para o seu sucesso profissional. Em Ipu, viveu até os
17 anos e, em 1911, muda-se para o Rio de Janeiro, para estudar
desenho na Escola Nacional de Belas Artes. Em seguida, transfere-se
para o curso de Arquitetura, formando-se em 1917. No ano seguinte,
inicia a vida profissional no Escritório Técnico Heitor de Mello.
Com o falecimento de Heitor de Mello, de quem se torna genro,
Memória assume a direção do escritório. Em 1935, vence o concurso
nacional de anteprojetos para o Ministério da Educação e Saúde.
Sua carreira inclui a profissão de docente, na Escola de Belas
Artes. Em 1931, assume a direção da escola.
WILSON GOMES
Colaborador
MEMÓRIA
"É importante preservar a história desse filho ilustre de Ipu,
Archimedes Memória".
Francisca Ferreira do Nascimento
Coord. Centro Cultural de Ipu
Mais informações:
Secretaria de Cultura de Ipu
Rua Major Liberalino, 1066
Zona norte do Estado
cultural@ipu.ce.gov.br
(88) 3683.2042
(©
Diário do Nordeste, 15.11.2008)
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