14/12/2008
Foto:
Divulgação
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A atuação
política do governador Miguel Arraes, entre 1979 e 2002, é vista
através de charges do cartunista Lailson |
Eugênia
Bezerra
ebezerra@jc.com.br
“Esta é uma
idéia que a gente tinha quando ele (o ex-governador de Pernambuco Miguel
Arraes) ainda estava vivo, de que as charges que nos alegravam todas as
manhãs fossem preservadas e publicadas, porque elas contam uma história.
No fim do ano passado, me lembrei disso e um amigo me apresentou a
Lailson”. Assim surgiu, nas palavras da ex-primeira dama de Pernambuco,
Madalena Arraes, o projeto Arraestaqui – A atuação política do
governador Miguel Arraes vista através das charges de Lailson de 1979 a
2002, formado por um livro e uma exposição multimídia que será inagurada
nesta terça-feira, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe). Este é o
primeiro evento do Instituto Miguel Arraes e foi concebido por dona
Madalena Arraes e o jornalista e cartunista pernambucano Lailson de
Holanda Cavalcanti.
“Publiquei charges diárias no Diario de Pernambuco durante 27 anos, o
que dá umas 9 mil charges. Sobre Arraes são mais de 1 mil. Dona Madalena
me convidou para participar com as charges publicadas entre 79 e 2002 e
o trabalhou nos entusiasmou muito. Me sinto honrado, é uma
responsabilidade imensa”, resume Lailson. Do total de charges feitas por
ele, 520 estão no livro que será lançado na exposição e 200 ficarão
expostas no Mepe até 2009.
Sobre a
escolha do nome Arraestaqui, Lailson explica que ele é uma referência a
três momentos da trajetória política do homenageado pelo projeto. “O
primeiro está relacionado ao retorno de Arraes do exílio. O segundo é
uma homenagem ao grupo de Músicos da Brigada de Artistas durante a
campanha em 1986 e o terceiro é porque a publicação traz Arraes de
volta. No livro, ele está vivo”.
A
preocupação em contemplar a trajetória de Arraes também se reflete na
organização do livro, que tem 200 páginas coloridas e em preto e branco.
“O livro não é apenas uma coletânea de charges, mas também um documento
de uma época, que pode servir como fonte de pesquisa e atende à premissa
do Instituto Miguel Arraes”, afirma Lailson, que completa: “A charge é
uma análise do fato, para ser compreendida, é preciso ter o contexto
histórico. Por isso criei um jornal fictício, chamado O tempo, no qual
uso a linguagem jornalística para mostrar o que estava acontecendo na
época”. A primeira edição do livro será lançada na exposição como uma
espécie de edição para colecionadores, mas a idéia é de que novas
edições sejam vendidas a preços populares.
(©
JC Online)
Sorriso e olhar eram as marcas registradas
Em seu trabalho, Lailson procurava captar
a personalidade de Arraes. Artista diz que ele era caracterizado por seu
olhar matreiro e um sorriso no canto da boca, de quem sabia algo
Desenvolvido durante um ano, a partir da idéia de reunir as charges de
Lailson, o projeto Arraestaqui passou a abranger também a exposição no
Museu do Estado de Pernambuco (Mepe) e um documentário que será exibido
no local.A mostra está
organizada em dois pavimentos do museu. Doze painéis no piso superior
mostram o jornal fictício O tempo, criado por Lailson. Na sala Linha do
Tempo, outros doze painéis trazem as charges impressas em formato
ampliado e também há uma mesa com objetos de uso pessoal de Arraes. A
exposição traz ainda 30 desenhos e aquarelas originais de Lailson. Os
trabalhos exemplificam a evolução do processo de produção das charges em
jornais e também momentos curiosos, como os trabalhos em que ele,
destro, precisou desenhar com a mão esquerda após uma fratura.
“Procurei colocar o maior número
possível de charges, desde as primeiras, de quando eu tentava captar a
personalidade dele, até as em que eu já interpretava o personagem.
Arraes era caracterizado por seu olhar matreiro e um sorriso no canto da
boca, de quem sabia algo. Me considero um intérprete de pessoas”, avalia
Lailson.
Na seleção das obras, estão charges em
que Arraes é citado nominalmente, momentos marcantes como a volta do
exílio e a eleição e também o período de oposição. “Não é um material
que eu preparei posteriormente, há charges de momentos em que a minha
opinião coincidia com a dele e em outros não. As charges são feitas para
registrar e não para agradar. Faço uma análise crítica”, afirma.
Lailson destaca a da posse do
ex-governador em 1986, na qual Arraes aparece em cores, em contraste com
a imagem dos ex-governadores, em preto e branco. Outra obra citada por
ele é uma que a esposa de um homem diz que ele já pode sair de baixo da
cama, pois o discurso de Arraes já havia terminado. “Parece ingênuo, mas
é preciso lembrar da repressão. A caricatura tinha uma liberdade
vigiada”, explica.
O documentário com depoimentos de
personalidades que tiveram alguma participação nas gestões de Arraes é
outro item da mostra. Entre os participantes, estão Ariano Suassuna,
Abelardo da Hora, Eduardo Campos, Francisco Brennand e Fernando Bezerra
Coelho. A idéia é que a exposição seja levada a outras cidades e países.
(E.B.)
» Exposição do projeto Arraestaqui.
Inauguração (para convidados): Terça-feira, às 19h, no Museu do Estado
de Pernambuco. Visitação a partir de 17 de dezembro. De terça a
sexta-feira, das 9h às 17h, sábados e domingos, das 14h às 19h. Av. Rui
Barbosa, 960, Graças. Fone: 3427-9322.
(©
JC Online)
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