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Poeta Gullar encontra erros em sua poesia

21/12/2008

 

 

Foto: Memória do Movimento Estudantil

O poeta maranhense Ferreira Gullar
 

Falhas de edição foram descobertas e corrigidas para livro com obra completa Ubiratan Brasil

Nem o próprio poeta Ferreira Gullar suspeitava da existência de tantos erros na sua obra poética disponível nas livrarias, erros que se perpetuavam nas sucessivas reimpressões. As falhas foram descobertas e corrigidas ao longo das semanas de convivência com o crítico Antonio Carlos Secchin, responsável pela organização geral do livro que reúne a Poesia Completa, Teatro e Prosa do poeta, lançado nesta semana pela Nova Aguilar (1.264 páginas, R$ 230). Trata-se do primeiro volume inédito da nova fase da editora, que ganhou fôlego para seus lançamentos desde o acordo firmado, em junho, com a Nova Fronteira, do grupo Ediouro.

"A vantagem de editar um autor vivo é ter a presença dele na fixação do texto", comenta o editor Sebastião Lacerda, à frente do negócio desde que ele e seu pai, o líder político Carlos Lacerda, assumiram o controle da editora, em 1975. "Gullar e Secchin conseguiram acertar até erros na construção de versos."

Outro ganho é a inclusão de textos inéditos em livro. Na seção de poesia, por exemplo, figura a obra de estréia de Gullar, Um Pouco Acima do Chão, de 1949, jamais comercialmente reeditada. Já nos textos de teatro, os destaques são os pouco conhecidos Romance Nordestino e O Homem Como Invenção de Si Mesmo. "É uma forma de reconhecimento para o autor", comenta Gullar.

Tamanho cuidado é um dos destaques dos volumes da Nova Aguilar, ao lado da caprichada edição em capa dura e do papel-bíblia, esmero que encanta não apenas leitores, mas também os próprios autores. Como o poeta João Cabral de Melo Neto, cujo Poesia Completa e Prosa (1.264 páginas, R$ 230) também ganha nova versão, lançada nesta semana. Em 1994, ele ficou à porta do prédio onde morava, no bairro carioca do Flamengo, aflito por esperar a chegada de Lacerda que, naquela noite, lhe entregaria a primeira edição da obra, recém-saída do prelo. João Cabral, que morreria cinco anos depois, emocionou-se ao folhear o livro, como se enfim recebesse o certificado de mestre.

A obsessão pelo texto correto foi capaz de reparar erros gravíssimos, que já estavam consolidados. E uma das maiores reparações ocorreu com a publicação da obra completa do poeta Augusto dos Anjos (1884-1914). Responsável pelo trabalho, o poeta Alexei Bueno precisou de 20 anos para concluir a pesquisa, pois, dos grandes poetas do século passado, Augusto dos Anjos era o que precisava mais urgentemente de um olhar rigoroso.

Assim, o volume que a Nova Aguilar lançou em 1996 trouxe uma preciosa modificação. "Extremamente metódico, Bueno suspeitou de uma palavra em um verso", lembra-se Lacerda. "O erro só foi descoberto graças ao material de um colecionador da Paraíba: lá, Bueno constatou que uma letra foi editada de ponta cabeça, ou seja, um 'u' se transformou em 'n', criando uma nova palavra."

Inspirada na francesa Plêiade, a Nova Aguilar foi fundada em 1958 com o objetivo de privilegiar obras completas de autores consagrados, com acabamento de luxo. Com 41 escritores atualmente em seu catálogo, o trabalho é contínuo, mesmo no caso de autores já mortos. É o caso de Machado de Assis, cuja obra completa foi retrabalhada durante 15 meses para que a nova edição saísse até setembro, em tempo de participar do revival do autor, cuja morte completou 100 anos em 2008.

Desde 1959, quando foi publicada a última edição da Obra Completa de Machado, o conjunto de textos reconhecidos como de sua autoria aumentou a ponto de a nova versão sair agora com quatro volumes, um a mais que a anterior. Assim, textos que antes se acreditavam escritos por ele são, na verdade, apenas traduções, como Queda Que as Mulheres Têm Para os Tolos. A pesquisa apontou ainda que outros escritos simplesmente lhe foram atribuídos por equívoco.

Para 2009, estão previstos o segundo volume do Teatro Completo de William Shakespeare e a nova edição da obra poética e em prosa de Fernando Pessoa, com novos textos descobertos nos 20 vinte anos. A literatura brasileira será representada pelo Teatro Infantil Completo de Maria Clara Machado e as novas edições revistas da Ficção Completa de João Guimarães Rosa e a obra completa de Euclides da Cunha.

(© Estadão)

 


Sétima Flip terá homenagem a Manuel Bandeira

Festa Literária de Paraty acontece entre 1º e 5 de julho de 2009; Cosac Naify lançará outro volume de crônicas inéditas 

O historiador Simon Schama é o único convidado já confirmado; outros nomes já cogitados para a festa são Atiq Rahimi e Sophie Calle 


EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL 

A sétima edição da Festa Literária Internacional de Paraty acontecerá entre os dias 1º e 5 de julho de 2009 e terá como autor homenageado o poeta Manuel Bandeira (1886-1968). Com a homenagem, o diretor de programação da Flip, o jornalista Flávio Moura, espera "redespertar o interesse" pela obra de Bandeira.

"Além de grande referência entre os poetas modernistas, Bandeira tem uma importante produção na crítica de arte, nos ensaios, em crônicas, em traduções etc.", diz Moura, que vem comentando as novidades da Flip em seu blog (flaviormoura.wordpress.com).

A estrutura da homenagem não deve sofrer mudanças em relação aos anos anteriores, com um tributo na abertura da Flip e mais duas mesas.

Algumas editoras já estão programando novas edições de Bandeira por conta da homenagem ao autor. Em janeiro, a Nova Fronteira, que publica a poesia de Bandeira, vai anunciar uma série de lançamentos. A Cosac Naify já tem na programação a reedição de "Apresentação da Poesia Brasileira", a tradução que o poeta fez de "Macbeth" e também a versão para "Mary Stuart", de Friedrich Schiller, títulos que vão sair pela Coleção Dramática.

Também será lançado um segundo volume de crônicas inéditas. "Se o primeiro volume estava mais ligado à música e ao modernismo, nesse caso a principal ênfase será a literatura", diz Paulo Werneck, editor da Cosac Naify, que também estuda no momento um livro nos moldes de "O Santo Sujo -0A Vida de Jayme Ovalle", biografia do paraense Jayme Ovalle (1894-1955), compositor do clássico "Azulão", que tem letra de Bandeira.

"O projeto ainda está sendo montado, mas a idéia é falar sobre a figura do Bandeira, o contexto social em que viveu e sua relação com a obra", diz Werneck, que comemora a escolha de Bandeira para a homenagem na sétima Flip. "Ele é um cara que só se agiganta, quanto mais a gente fuça sua obra."

Por ora, a sétima Flip tem só um convidado confirmado: o historiador Simon Schama, cujo livro "O Futuro Americano" sairá em 2009 pela Companhia das Letras. Outros nomes já cogitados são Atiq Rahimi, vencedor do Prêmio Goncourt 2008, e a artista plástica Sophie Calle.

(© Folha de S. Paulo)


ÁUDIO

Poema de Ferreira Gullar musicado por Fagner

Chico Buarque e Fagner - Traduzir-se

VÍDEO

Paulo José interpreta 'Nova Canção do Exílio', de Ferreira Gullar


 

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


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