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Uma parceria dos sonhos

22/12/2008

 

 

Foto: JC Imagem

Claudionor Germano e Miúcha
 

Miúcha desejava há anos gravar com o mestre do frevo Claudionor Germano. Desta vez, o que era sonho virou realidade

José Teles
teles@jc.com.br

O cantor Claudionor Germano assistia a um programa de entrevistas na TV. A entrevistada era a cantora Miúcha. Lá pelo meio da entrevista, perguntaram se havia algum cantor com quem ela gostaria de gravar: “Meu sonho é cantar num disco de Claudionor Germano”, respondeu Miúcha. Por coincidência, ele estava começando a trabalhar num disco novo. Então, no dia seguinte, ligou para Miúcha e fez o convite. Imediatamente aceito. Miúcha tinha compromissos na Europa e garantiu que, quando voltasse, gravaria com Claudionor. Ela cumpriu o prometido, e nem fez como é comum hoje em dia: botar voz num estúdio no Rio e enviar a gravação por e-mail. Miúcha preferiu gravar com seu ídolo num estúdio recifense. Ela chegou esta semana e, na quarta e quinta, gravou duas canções com Claudionor. “Fizemos Flabelo das ilusões, de Heleno Ramalho, um frevo-de-bloco, e A noite dos mascarados, uma marcha-rancho de Chico Buarque”, adianta o cantor, cujo próximo disco terá o título de Ranchos e blocos no Carnaval do Recife. Este será o 32º título de uma discografia, que conta com 23 LPs e oito CDs, sem contar as inúmeras reedições, com capas diferentes de seus álbuns dos anos 60, e coletâneas editadas à sua revelia. O que o levou a ele próprio regravar muito do que lançou no passado? “Por mim eu regravaria aqueles discos que fiz na Rozenblit. Falei isso com um amigo meu, que me fez desistir, alegou que aqueles discos são obras-primas, não podem ser mexidos. Estive ouvindo e, realmente, têm um andamento mais suave (cantarola É de amargar, de Capiba).

Em matéria de gravar com cantor famoso, Miúcha realizou sonhos que nenhuma outra jamais conseguiu realizar. Ela foi a única cantora do Brasil que gravou com os três monstros sagrados da bossa nova: João Gilberto (com quem foi casada), Tom Jobim e Vinicius de Moraes. E, agora, com um monstro sagrado do frevo. Mas, sua intenção de realizar este “sonho” tem muito a ver com suas ligações com Pernambuco. “Isto faz parte do meu DNA. O meu avô era pernambucano. Durante muitos anos passei Carnaval no Recife e Olinda, porque minha irmã Pii mora há mais de vinte anos em Olinda. Brinquei muito no Siri na Lata e fui uma da fundadoras, ou melhor, seguradora, do Segura a Coisa. Então, o Carnaval pernambucano está no meu sangue”, conta Miúcha, ressaltando que muito anos antes de vir a Pernambuco já se ligava no frevo. “Na minha casa éramos sete irmãos, todo mundo gostava de música e o rádio era ligado o tempo inteiro. cantei muito Evocação nº1 de Nelson Ferreira. Eu tocava violão, uns três acordes que aprendi com Vinicius. Depois chegou Capiba, com A mesma rosa amarela, o que me fez também ficar apaixonada pela poesia de Carlos Penna Filho. Anos depois fiz um show no Hotel 4 Rodas e Capiba foi assistir, depois conversamos, ele era muito fofo”, entusiasma-se Miúcha, lembrando que muita gente gravou A mesma rosa amarela, inclusive ela. “Gravei primeiro para um disco que foi lançado no Japão, e só muito depois saiu no Brasil pela BMG.

Claudionor Germano diz que pretende lançar o disco o mais depressa possível, para que ele esteja disponível pelo menos um mês antes do Carnaval. Miúcha, por outro lado, começa a divulgar um CD que documenta suas gravações com João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes. “Com Vinicius e Toquinho fizemos uma temporada de um ano no Canecão. Em 1975, com João, gravei num disco com Stan Getz. Com Tom Jobim também fiz show no Canecão”.  

(© JC Online)

 


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Claudionor Germano

ÁUDIO

Miúcha e Tom Jobim - Pela Luz Dos Olhos Teus


 

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