22/12/2008
Imagem: Diário de Pernambuco
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Curta de animação é inspirado em desenhos de Henrique Koblitz e Gregório
Holanda (Greg) em que uma cachorrinha faz a ponte entre um trabalhador
que leva uma vida burocrática e um artista plástico viciado em sexoJúlio Cavani // Diario
Os quadrinhos marginais do Recife vão chegar ao cinema em 2009, quando será
filmado o curta de animação A vida plural de Layka, baseado em um livro que foi lançado originalmente em
formato de fanzine, com desenhos de Henrique Koblitz e Gregório Holanda
(Greg), cartunista do Diario de Pernambuco. O projeto existe há cinco anos,
mas só agora vai começar a ser produzido graças ao patrocínio de R$ 80 mil
conquistado na semana passada com o prêmio do Concurso de Roteiros Firmo
Neto/ Ary Severo.
Além de Greg e Koblitz, A vida plural de Layka será filmado em esquema de
autoria coletiva, com a participação dos artistas Moacir Lago, Diogo Todé e
Neco Tabosa, responsável pela produção e coordenação geral e pelo projeto
agora aprovado. Editados em 2003, os quadrinhos originais foram o embrião da
Livrinho de Papel Finíssimo Editora, que na época foi fundada por
integrantes do fanzine Fusão.
O filme tem dois personagens principais cujas vidas se cruzam a partir do
encontro com uma cadela chamada Layka. Um deles é um trabalhador que vive
uma rotina burocrática entre o trabalho e a família. O outro é um artista
plástico viciado em todas as formas de sexo. "São dois seres humanos que
perderam o referencial de si mesmos, que vivem de maneira mecânica e não
refletem mais sobre o que fazem diariamente", entende Tabosa.
Os personagens não aparecem na narrativa, costurada apenas por seus
pensamentos. O funcionário, criado por Koblitz, é representado pelos
cenários por onde ele circula. O ninfomaníaco, concebido por Greg, também
não se manifesta visualmente, mas apenas por meio de retratos das pessoas
com quem ele se relacionou sexualmente. "Me inspirei em alguns artistas
plásticos do Recife que comem todo mundo", revela o desenhista.
Diversas linguagens artísticas vão estar integradas na adaptação para o
cinema. "Vamos fazer experimentações durante o processo de produção", prevê
Greg, a respeito das técnicas utilizadas. Os ambientes desenhados por
Koblitz, com seus característicos traços trêmulos, vão ser filmados em
ambientes reais para depois receberem interferências digitais. Diogo Todé
vai confeccionar os objetos criados pelo desenhista. Moacir Lago, que também
deve intervir na cenografia, é o responsável pela trilha sonora.
Os trechos desenhados por Greg vão ser filmados com atores e atrizes de
verdade, mas as imagens vão receber interferência de animação. "A cadela que
interpretaria a protagonista Layka já faleceu, então vamos ter que fazer um
novo teste de elenco", brinca o cartunista. O projeto está pronto desde
2004, mas ainda não havia sido aprovado nos editais em que foi escrito. Com
o novo prêmio, A vida plural de Layka deve ter cópia final em película de 35
milímetros e duração de até 15 minutos.
O livrinho original podia ser lido em dois sentidos, de trás pra frente e
vice e versa. A primeira página da história de um personagem se transformava
na última página da história do outro. A cadela surgia nas páginas centrais,
onde as duas narrativas se encontravam. Nofilme, os diretores vão tentar
reproduzir esse efeito. O texto de Koblitz se chamava Fragmentos de Josael,
enquanto o de Greg tinha como título a frase: Pensei que era livre, pensei
que era bom, pensava que seria fácil.
(©
Diário de Pernambuco)
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