No ano em que a Bienal de São Paulo tentou refletir sobre seu papel, o Museu de
Arte Moderna da Bahia abriu seu 15º Salão, na última sexta, com um modelo mais
antigo que o formato bienal. No Brasil, o primeiro salão data de 1840, na época
denominado Exposição Geral de Belas Artes.
"O salão aqui é vital, significa inclusão séria, dá visibilidade local e
nacional, além de ser a única política de aquisição", diz a curadora Solange
Farkas, há dois anos diretora do museu.
Dos 40 artistas selecionados, seis receberam o prêmio de aquisição, no valor de
R$ 19 mil: Ana Elisa Egreja, Nino Cais e Wagner Morales (todos de São Paulo),
Roberto Bellini (MG), Marcone Moreira (PA) e Rener Rama (BA). Bellini, nome
menos conhecido do grupo, foi uma aposta do júri.
O salão concede ainda três residências artísticas (duas internacionais e uma
nacional) a artistas baianos, que foram entregues a Vinicius S.A., Daniel Lisboa
e a dupla Ana Paula Pessoa e Rachel Mascarenhas. Num museu renovado -junto com a
abertura do salão foi reinaugurado o parque das Esculturas, com novos trabalhos
como o da artista portuguesa Gabriela Albergaria-, os 40 selecionados ocupavam
todo o Solar do Unhão, restaurado pela arquiteta Lina Bo Bardi, nos anos 1960,
além da capela e uma nova galeria, aberta recentemente no espaço.
Criado por um decreto estadual, o Salão da Bahia é hoje o salão com maior
repercussão nacional. Tanto que participam dele artistas já com certo renome na
cena brasileira, como Moreira, que integrou o Panorama do MAM paulista, há seis
anos, e o carioca Michel Groisman, em geral voltado à performance, mas que aqui
apresenta uma série de fotos em conjunto com Sung Pyo Hong. De forma geral, não
houve um predomínio de suporte, com trabalhos diversos em vídeo, fotografia,
pintura, instalação e performance.
Já no sábado, um novo espaço foi inaugurado em Salvador, a galeria Solar Ferrão,
no Pelourinho, com uma exposição dos artistas premiados no Salão da Bahia do ano
passado, além dos premiados nos três salões regionais, que ocorrem no Estado. No
futuro, o local vai receber, com projeto do arquiteto André Wainer, a coleção de
arte popular Lina Bo Bardi, coletada pela arquiteta durante sua estada na Bahia,
nos anos 60.