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21/12/2000 Show homenageia o maestro Moacir Santos Na época da bossa nova, de Baden Powell a Nara Leão, muitos tiveram aulas com ele. Quatro décadas depois, Ed Motta e Simoninha estão entre os inúmeros músicos que o admiram. O maestro e compositor Moacir Santos, 76, será homenageado hoje e amanhã, em shows no Memorial da América Latina. "A nova geração de afro-brasileiros, especialmente, precisa conhecer esse herói da nossa música. A vida de Moacir Santos é um exemplo a ser seguido", diz o pianista Guilherme Vergueiro, que idealizou a homenagem e vai reger uma orquestra formada somente para esse show. Além dos cantores Johnny Alf e Leila Pinheiro, estarão no palco solistas de primeira linha, como o guitarrista Heraldo do Monte e os saxofonistas Roberto Sion, Teco Cardoso e Mané Silveira. Infelizmente, Moacir Santos só participará da apresentação como autor e arranjador. Vítima de um derrame, que o atingiu cinco anos atrás, o maestro e saxofonista está impedido de tocar, além de enfrentar relativa dificuldade para falar. "Gosto de inovar, de criar coisas. Tenho certeza de que a minha música tem alguma coisa que só existe em Moacir Santos", diz o maestro, autor da afro-bossa "Nanã" (com letra de Mário Telles), que conta com mais de 150 gravações conhecidas. Uma das versões mais recentes é a gravada por Wilson Simoninha, que inclui participação dos rappers do grupo Camorra. "A melodia original está lá. Por isso, ao ouvir "Nanã" no original, a garotada vai conectar logo. Fiquei até mais amigo do rap", diz Santos, comentando essa versão. Trajetória Parceiro de Vinicius de Moraes, o pernambucano da sertaneja Vila Bela decidiu se mudar para os Estados Unidos em 1967, depois de uma brilhante carreira de 18 anos, como arranjador e regente da rádio Nacional, no Rio de Janeiro. "Estava ficando difícil viver aqui. Cheguei a pensar em
colocar meu carro na praça", lembra Santos, que nos primeiros tempos ganhou a vida
tocando piano numa igreja batista, em Los Angeles. Também trabalhou como "músico
fantasma", fazendo arranjos para filmes de Hollywood, sem receber créditos. Desses álbuns saiu boa parte do repertório do show: obras-primas como "April's Child", "Mother Iracema" e, obviamente, "Nanã". "O grande problema é que temos muito material dele para tocar. Tentei fazer um roteiro que contasse uma história", afirma Guilherme Vergueiro. Também entram composições inéditas, como "Excerto
nº 1" e "Amalgamation". "Essa é uma nova fase do Moacir. Ele utiliza
a orquestração e o estilo de uma banda de coreto. Você começa a ouvir e sente na hora
o cheiro de uma cidade do interior ou a brisa do mar. É uma delícia tocar essa
música", comenta o pianista, também radicado nos Estados Unidos. (Carlos Calado,
FSP) Show: Tributo a Moacir Santos |
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