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29/12/2000

Retrospectiva lembra Bajado

Bajado

  A exposição de encerramento do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães deste ano resolveu render homenagens ao maior representante da arte naif que Pernambuco já teve. Sob o título de Ateliê Pernambuco – Homenagem a Bajado e Acervo Mamam, o espaço celebra a partir de hoje, a obra do pintor popular que gostava de ser conhecido como ‘um artista de Olinda’, além de exibir produções de nomes como Aloísio Magalhães, João Câmara, Samico e Francisco Brennand, entre outros.

   Para a seleção das peças dos artistas, o conselho curador do museu teve que fazer uma equação entre o que há de mais representativo na sua coleção e o espaço disponível. Depois de escolher entre as mais de 800 peças, a mostra resulta em 142 obras expostas. As únicas que não fazem parte do acervo do museu são justamente as do homenageado, que constam de 10 quadros de Bajado cedidos pelo artista plástico e colecionador Giuseppe Baccaro.

   Os organizadores da mostra desejam colocá-la no calendário anual de exposições. “Pretendemos fazer desse tipo de mostra uma tradição do museu, lembrando sempre um nome da nossa arte e, embora tenhamos feito uma seleção rigorosa, muita coisa relevante ainda acabou ficando de fora por falta de espaço”, explica o diretor do Mamam, Marco Polo.

   Saudando a tradição pernambucana em organizar e promover ateliês coletivos de artistas plásticos, a mostra coloca em destaque alguns nomes que pertenceram ao mais importante e famoso deles: o Aletier Coletivo, da década de 50. Entre os nomes que representam a época, figuram obras de José Cláudio, Abelardo da Hora (presente com sua série Meninos do Recife) e Wellington Virgolino.

   A visão de acentuado teor crítico e pessoal de um dos momentos mais relevantes da história política do Brasil, a chamada Era Vargas (que foi de 1930 a 1954), está presente nas telas da coleção Cenas da Vida Brasileira, de Câmara. A tradução daquele período pode ser conferida no 1º piso do museu.

   As belíssimas xilogravuras que internacionalizaram o nome de Gilvan Samico também fazem parte da exposição. O fruto do seu um aguçado imaginário cósmico com base na cultura popular, que traz peixes, aves e outros seres sob um tratamento requintado são representados em 12 dos seus trabalhos.

   Estão lá as composições e jogos visuais feitos a partir de cartões de Aloísio Magalhães, a pintura do movimento modernista – notadamente o cubismo aliado a arte marajoara – representada em nove telas de Rêgo Monteiro (homenageado da edição passada) e as esculturas de Brennand – expostas permanentemente, na área aberta do museu – resumidas em cinco peças e mais um enorme painel, intitulado O Grande Sol.

    Um sem-fim de obras de nomes de alta relevância como Lula Cardoso Ayres, Hélio Feijó, Joaquim e Fédora do Rêgo Monteiro, Darel Valença, Zuleno, Cremilson e outros tantos que se constituem o tesouro artístico do nosso Estado, também são lembrados na mostra, antevendo um novo milênio sem esquecer do que de melhor foi feito em matéria de artes visuais neste que está se encerrando. (Dario Brito, JC)

Serviço – Ateliê Pernambuco: Homenagem a Bajado e Acervo Mamam. De hoje até o Carnaval. Aberto de terça a domingo, das 12h às 18h. Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, rua da Aurora, 265, Boa Vista, Recife. Fone: 3423.2761.

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