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Tapioca ganha novas caras e
sabores
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Iguaria nordestina ganha novas caras
e sabores pelas mãos de cozinheiros de restaurante ou das ruas do Recife; no
Alto da Sé, em Olinda, tradição é mantida
Uma das iguarias mais admiradas no Nordeste, a tapioca, vem ganhando
a cada dia, misturas de dar água na boca. Umas até parecem
panquecas, outras, pizzas. Com a goma da mandioca na mão e mil
idéias na cabeça, os chefs de cozinha adaptam as antigas receita das
tapioqueiras nordestinas.
Todo turista que visita Olinda sabe que tem encontro marcado com uma
vista inundada de beleza e passado e com uma iguaria que é
referência para quem vai ao Alto da Sé: a tapioca. Mas as
tapioqueiras andam sofisticando suas antigas receitas. “Aqui nós
temos de charque, camarão presunto, calabresa”, diz a tapioqueira
Severina Maria de Souza.
Ao lado da Casa da Cultura, um mercado de artesanato que funciona no
prédio de uma antiga cadeia no Recife, trabalha dona Nicinha, que há
50 anos faz tapiocas. Com ela, só a versão original, com recheio de
coco e queijo, na goma de mandioca estalando na frigideira sobre o
fogareiro, é servida.
“Ela só é gostosa no fogo de carvão”, explica com a experiência de
uma vida inteira debruçada sobre a iguaria. “Se me tirar da minha
tapioca eu morro”.
Já Maria Apolinário da Silva incorporou certa modernidade ao
trabalho. A chapa fica sobre um fogo de gás e a porção de goma vem
em saquinhos, pesados em casa. Ela despeja na forma de pizza
brotinho e a freguesia não se incomoda de esperar.
“Não sei qual é o segredo que ela tem para a tapioca sair desse
jeito, gostosa, deliciosa”, elogia a dona de casa Ana Elisabeth
Oliveira. A tapioqueira revela um dos segredos. “O queijo coalho, eu
ralo no processador, coloco na massa e ele derrete todinho”, diz
Maria.
RECEITAS DE CHEFS
A tapioca demonstra vocação para ter vida longa e, ao mesmo tempo,
se renova. Ela também está nos restaurantes apreciados da cidade, em
receitas cada dia mais criativas.
A do chef Bruno Catão tem uma massa misturada com queijo, recheada
de creme de ricota com catupiry e salsicha. Acompanhamentos: batata
frita e molho de mostarda e mel de engenho. O resultado é a Tapdog.
“Nós criamos essa receita para atender à demanda da criançada que
vem ao restaurante”, conta Bruno Catão. “É uma tapioca servida com
batata frita e salsicha”.
Outra novidade é a Tapioca para sobremesa. Sobre o leite de coco,
essa delícia é recheada com leite condensado e coco ralado e, para
finalizar, açúcar cristal. Entra em ação o maçarico e aí está o
brulée de tapioca, adaptação de uma receita de origem francesa.
“Fica com a aparência do creme brulée”, explica o chef Denis Alves.
“A gente fez essa adaptação para pode comer como sobremesa”.
Outra viagem às possibilidades oferecidas pela goma de mandioca:
geléia de morango por baixo ou a tapioca em forma de casquinha e,
dentro dela, sorvete de creme. Difícil dizer que é regional demais
para o seu paladar, não?