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 Um guia do coração ao paladar

 

 

Divulgação

O jornalista Bruno ALbertim é o editor da revista Engenho da Gastronomia
 

O jornalista Bruno Albertim lança uma compilação prática e sentimental da culinária pernambucana tradicional

Flávia de Gusmão
flgusmao@jc.com.br

Só uma pessoa que aprecia a comida – e todos os verbos que se relacionam com este substantivo incomum (cheirar, pesquisar, saborear, perguntar, nunca duvidar) – poderia escrever um guia que se propõe a ser objetivo e ao mesmo tempo subjetivo. Recife – Guia prático, histórico e sentimental da cozinha de tradição, do jornalista Bruno Albertim, é isso. Um mapa com os melhores endereços da capital pernambucana, um manual de sobrevivência pelo reino da peixada, do caldinho e do sarapatel – um relato amoroso do que tudo isso evoca.

Se tivéssemos que escolher apenas um louvor a fazer a esta publicação seria em relação ao seu ineditismo. Parece brincadeira que, 471 anos depois de nascido e alimentado, o Recife não tivesse ainda uma compilação que fizesse jus à sua tradição gastronômica. Muitas e falhas tentativas foram traçadas neste sentido, mas ou eram comerciais demais, impessoais demais, efêmeras demais ou tímidas demais. Vale destacar que o guia idealizado por Albertim não tem como objetivo a abrangência quantitativa, mas a amplitude qualitativa. Nesta edição de 162 páginas estão contidos 30 estabelecimentos (bares, restaurantes, botecos, pés-sujos) e 32 receitas. Como toda iguaria, deixa um gostinho bom de “quero mais”, uma torcida fervorosa pelo volume II.

Cada estabelecimento que está nas páginas deste guia foi visitado por Bruno Albertim. Não uma visita típica dos guias estrelados, que se preocupam em saber burocraticamente de itens como sabor, serviço e facilidades, mas uma abordagem, como o próprio título sugere, feita com o coração. Sabemos que por trás de cada panela tradicional desta cidade existe a história de um cozinheiro, nem sempre consagrado pela mídia, mas, seguramente, notabilizado literalmente pela boca do povo. Tomamos conhecimento, por exemplo, do Geraldo, batizado pelo autor como “a jóia de Santo Amaro”. Esta casa, que há 30 anos serve a clientela, é o resumo mais que perfeito daquilo que nos habituamos a chamar de “simples e honesta”, onde existe a melhor cabidela com fava do planeta. Geraldo, ficamos sabendo, é natural de Bezerros e fugia da roça para se refugiar na cozinha. Dela nunca saiu e com ela fez o seu pé-de-meia.

Albertim levou cerca de seis meses para montar o seu guia, mas vai longe o tempo em que a primeira impressão dessas práticas culinárias deixaram-lhe impressão tão forte ao ponto de sentir a urgência de perenizá-las em livro. “Talvez isso remonte a um passado bem distante. Talvez esteja na primeira empada de mamão verde que minha mãe assou e me deu para provar”, situa proustianamente.

Bruno Albertim reza na cartilha Freyriana e compartilha com o sociólogo a idéia de que um povo que não cuida de seu patrimônio culinário corre sério risco de perder a identidade. É por isso que, na primeira parte do livro, ele se dedica a explicar as origens deste amálgama que hoje forma a culinária pernambucana, de resto, sua grande e declarada paixão. “Das cozinhas regionais brasileiras, a pernambucana é das mais antigas e base estruturadora da mesa nacional. Maior produtor de açúcar do mundo entre os séculos 16 e 17, Pernambuco teve nos engenhos que viabilizaram o projeto colonial português no Brasil os laboratórios do que viria a ser a mesa brasileira”, destaca Albertim.

Clássicos pratos locais (buchada, sarapatel, cozido pernambucano, arrumadinho, farofa de bolão, peixada, agulha frita, camarão ao alho e óleo) fazem o recheio deste livro. Receitas do Litoral e do Sertão que são ensinada pelos seus melhores executores, ilustradas por belas fotografias e bom projeto gráfico. O formato é de bolsa (14 cm x 21 cm) e não de bolso. Será vendido por R$ 30 na noite de lançamento e R$ 35 depois, nas livrarias e restaurantes locais. Destaque do site de vendas da rede Saraiva, a publicação terá uma semana de venda exclusiva na Saraiva Mega Store do Shopping Recife e será comercializada nas principais livrarias da cidade na semana seguinte ao lançamento.

(© JC Online)

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