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Engenho Uruaé - Pernambuco
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RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A safra de cana-de-açúcar em 2008 deve ser a maior da história
brasileira, de acordo com um levantamento realizado pela Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab). Hoje totalmente aclimatada, essa
planta de origem asiática chegou ao território nacional em 1502,
trazida da ilha da Madeira pelos portugueses, e começou a ser
cultivada em São Vicente (SP). Rapidamente, espalhou-se pelo
litoral, permitindo a ocupação produtiva das terras da colônia e
ancorando o primeiro ciclo de desenvolvimento econômico local.
"A cana teve o grande apogeu no século 16, especificamente na zona da
mata de Pernambuco, devido ao solo argiloso de massapé e ao clima de
estações definidas -com chuvas na época do plantio e seca na hora da
colheita-, além de estar relativamente próxima à Europa para exportação",
afirma Fátima Serafini de Castro Freitas, professora de cozinha brasileira
do Centro Universitário Senac.
Embora ainda hoje a utilização da cana para a produção de açúcar,
principal objetivo de Portugal nos idos de 1500, tenha papel muito
importante, é a crescente popularidade do etanol o motor do recorde.
Com total estimado entre 607,8 milhões e 631,5 milhões de toneladas, a safra
deve se dividir em 44% para a produção de açúcar e 55% para fabricação de
biocombustível. O restante deve ser destinado à fabricação de cachaça e
rapadura, à alimentação bovina e à produção de sementes e mudas. Hoje em
dia, as plantações de cana ocupam 2,8% das terras cultiváveis do país,
segundo a Conab.
Cachaça e rapadura, aliás, são apenas dois dos subprodutos apreciados
pelo brasileiro. A garapa, um caldo esverdeado extraído da cana por
compressão e servido gelado, é disputada nas feiras livres com ou sem a
companhia de um pastel e dá origem, por evaporação, a um xarope ou melado
que serve de base a diversos tipos de açúcar: refinado, cristal, mascavo e
demerara, além da rapadura. Esta é cultuada principalmente na região
Nordeste, onde existem versões aromatizadas com coco, goiaba, gengibre e
cravo, entre outras.
O mel de engenho, ou mel de cana, é obtido da fervura da garapa e
consumido principalmente no Nordeste rural em receitas de bolos, pudins,
docinhos ou puro, para acompanhar queijo de coalho, farinha, abóbora ou
macaxeira (mandioca).
Quando consumida ao natural, a cana é um alimento rico em sais minerais e
em vitaminas do complexo B e oferece 65 calorias a cada 100 g.